quarta-feira, setembro 02, 2009

Os adultos estão obsoletos

Extraído de texto escrito por Ricardo Jordão (Bizrevolution)

"Viver bem e viver feliz são duas coisas completamente diferentes, a última seria impossível para mim sem magia e fascinação; eu garanto a vocês que sem viajar nós somos criaturas miseráveis. Um homem de talento medíocre continuará medíocre se viajar ou não; mas um homem de talento superior se deteriorará se continuar em um único lugar." Wolfgang Amadeus Mozart

A civilização em que você vive hoje está anos luz a frente daquela que Wolfgang Amadeus Mozart viveu entre os anos de 1756 e 1791 em Viena. Você não tinha ajuda da polícia a um clique do celular, as ruas não eram reguladas, passava na frente o cavalo
que gritava mais alto, não existiam leis trabalhistas para proteger os menos favorecidos, o sistema de banco era um direito da elite da elite, comida e suprimentos eram escassos, sobrava lixo nas ruas das cidades, os líderes eram maníacos por sangue e sua burocracia era completamente desumana.

Nesse cenário surge Mozart e a sua música revolucionária. Basta escutar uma única vez os primeiros acordes da famosa Eine Kleine Nachtmusik para entender o que eu estou falando.

Mozart teve uma vida breve e intensa. Ele morreu com 35 anos, pobre e endividado, jogado em uma vala comum embrulhado em um saco de linho - até hoje não se sabe onde estão os seus ossos; apesar da sua fama ter percorrido toda a Europa, no seu enterro não havia uma só alma viva, ninguém acompanhou a carroça funerária, nem mesmo a esposa e filhos.

Durante sua curta estadia pela Terra, Mozart compôs mais de 600 obras de música clássica. Muitas delas desafiando os padrões de composição que existiam na época. Muitas delas complexas até para músicos experientes reproduzirem. A partir de um certo momento, suas músicas ficaram tão complexas que o público começou a fugir das suas apresentações. "Não vamos ao teatro para pensar, queremos nos divertir", dizia o povo de Viena naquela época.

Além da música, Mozart ficou conhecido mundialmente como uma criança prodígio.

Ele começou a tocar piano aos três anos de idade, compôs a sua primeira música aos cinco, escreveu a sua primeira sinfonia completa quando tinha nove anos. Ele tinha apenas doze anos quando completou a sua primeira ópera. Dos 5 aos 12 anos de idade Mozart compôs cerca de 12 sinfonias, 18 sonatas para piano e violino, 4 missas, 4 concertos para piano entre outras obras.
Ele era uma máquina de trabalhar e compor, estudar e se apresentar.
Sua prodigiosa performance é considerada única na história da humanidade. Tão única que muitos falam de intervenção divina ou coisa semelhante. Por conta disso, há uma impressão generalizada de que Mozart nunca teve que se esforçar para compor. Ele nasceu gênio, nasceu sabendo tudo que tinha que fazer.

Besteira.

Mozart era excelente. Tinha atitude, tinha coragem, tinha personalidade, tinha compaixão pelos outros, tinha humildade, tinha bom humor, tinha proatividade, tinha uma profunda vontade de aprender, mas, o que realmente empurrou Mozart para o sucesso foi a prática deliberada que o pai obcecado por sucesso o submetia; o ambiente em que viveu, as cidades, os amigos e admiradores que desenvolveu, a sua família, as diferentes fontes de inspiração que passaram pela sua vida, as viagens que fez, o eterno espírito de criança que possuía e não escondia dos outros. Mozart foi irreverente durante toda a sua vida.

Até o stress o ajudou a criar as suas grandes obras. Mozart viveu uma vida muito parecida com a vida de qualquer pessoa batalhadora. Ele tinha várias contas para pagar, teve sérios problemas com dinheiro e cobradores, era casado, teve seis filhos, o seu pai, enquanto ainda era vivo, fazia pressão psicológica sobre Mozart, acusando de complacência na morte da mãe. A sua vida social era intensa, festas, aulas, recepções, reuniões, happy hours etc. O apartamento onde morava era pequeno, tinha que dividí-lo com os filhos, empregada, esposa, eventuais estadias do pai etc.

Mozart não foi um gênio, ele tinha apenas a atitude certa com relação à vida e com isso atraiu as condições ideais para o desabrochar do seu talento.
NÃO EXISTE TALENTO NATURAL. Ninguém nasce sabendo nada. Tudo é aprendido em vida nas inúmeras chances que temos em vida.

Se Mozart não foi um gênio, ninguém é um gênio. Não existe genialidade, cientificamente ainda não foi encontrado o gene da genialidade nos nossos corpos. Talvez, um dia, no futuro, algo assim seja encontrado, e daí, nós seres humanos poderemos comprar o gene da música clássica em alguma farmácia perto da nossa casa.

Enquanto isso não acontece, o negócio é trabalhar, trabalhar duro.

A jornada para o talento e a alta performance não é uma jornada para preguiçosos de corpo e alma. O desenvolvimento do talento e alta performance requer lutas interiores, sacrifícios e honestidade, geralmente características duras para quem é mole. NÃO EXISTEM ATALHOS! A busca da alta performance pede pelo menos uma década de trabalho, e você precisa investir o seu tempo de maneira inteligente, ao se engajar deliberadamente em um método de prática que se concentra em tarefas que vão além da sua competência e conforto.

Entretanto, alta performance não é apenas resultado da simples prática diárias de anos ou décadas de trabalho. Você precisa de um tipo de prática específica para desenvolver talento.

Quando a maioria das pessoas pratica, elas praticam coisas que já sabem como fazer. Eu estou falando aqui de outra coisa. Eu estou falando de um esforço específico e considerável em fazer uma coisa que você não sabe fazer direito, ou simplesmente não sabe fazer.

Somente trabalhando o que você não sabe fazer direito, você pode se tornar o talento que você quer ser.

É um grande desafio para todos nós. Mas é um desafio que ninguém pode se dar ao luxo de não enfrentar. Nós vivemos em um mundo em que é preciso fazer mais com menos, um mundo onde o ser humano é um recurso cada vez mais caro.

Não é só uma questão de ter sucesso e se transformar no Mozart da sua indústria, mas de simples e pura sobrevivência. A economia global é mais competitiva do que nunca.
A concorrência pode vir de qualquer parte e a qualquer hora. A empresa em que você trabalha precisa alcançar um desempenho brilhante para ser percebida pelos clientes que quer conquistar.

É um desafio para todos. Se reinventar em tempo real, observar os nossos atos, colher feedback, produzir um novo eu hoje melhor do que fomos ontem.

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